top of page

Grupos de risco

Grávidas

       Dados demonstram que apenas uma pequena quantidade das mulheres deixa de fumar durante a gravidez, e aquelas que o fazem, geralmente iniciam este ato logo após o parto ainda durante a amamentação do lactente.

 

      Sabe-se que a metabolização da nicotina na grávida é muito mais rápida e que esta tem a capacidade de atravessar fácil e rapidamente a barreira placentária, atingindo a circulação fetal e o líquido amniótico. Nestes locais, a nicotina existe em concentrações superiores quando comparada com as concentrações maternas, sendo cerca de 15% superior no caso do soro fetal e 88% no líquido amniótico. Por outro lado, a nicotina acumula-se no leite materno podendo estender a exposição desta molécula ao período de amamentação.

 

       De acordo com a prática clínica, as grávidas devem evitar a exposição a qualquer forma de nicotina, contudo existe uma visão geral que a terapêutica de substituição da nicotina é mais segura do que o ato de fumar.

​

O que se verifica é que a problemática da nicotina na gravidez é essencialmente para com o feto e não com a mulher grávida.

Feto

      Um grande número de estudos confirma que o hábito tabágico durante a gravidez e após o parto apresenta vários efeitos indesejáveis entre os quais: 

  • Efeitos negativos no crescimento pré e pós-natal;

  • Aumento do risco de mortalidade fetal e morbilidade;

  • Problemas no desenvolvimento cognitivo e comportamental em crianças e adolescentes.

 

        Dentro das alterações pré-natais incluiu-se o nascimento prematuro e o baixo peso dos bebés, uma vez que a nicotina diminui os níveis da hormona corticotrofina (ACTH) e cortisol, sendo que o último está envolvido no metabolismo das proteínas, lípidos e hidratos de carbono. Para além disso, a nicotina tem a capacidade de ativar diretamente os recetores colinérgicos nicotínicos que estão presentes e funcionais numa fase inicial do cérebro fetal. Por outro lado, o estado nutricional deficiente da grávida associado ao efeito anorexigénio da nicotina, bem como a restrição do fluxo sanguíneo para a placenta devido ao efeito vasoconstritor das catecolaminas libertadas por ação da nicotina podem também causar problemas na obtenção de nutrientes importantes para o desenvolvimento fetal.

​

Contudo, ainda não está bem esclarecido se todos estes efeitos advêm da nicotina ou de outros compostos existentes no cigarro e/ou fumo do tabaco.

Latentes

       A acumulação da nicotina no leite materno faz com que ocorra o seu contacto com o bebé em fases muito prematuras do seu desenvolvimento. Aquilo que foi demonstrado em alguns estudos é que a nicotina provoca múltiplos efeitos no lactente entre os quais:

  • Altera os padrões de sono;

  • Reduz o fornecimento de iodo ao lactente através do leite materno, aumentando a possibilidade de se desenvolverem deficiências deste mineral e estimula a libertação da hormona estimulante da tiróide (TSH). Para além disso, podem-se manifestar mais tarde desordens fisiológicas, uma vez que o iodo é importante na função tiroideia;

  • Provoca danos nos pulmões e no fígado;

  • Reduz as células β pancreáticas reduzindo a tolerância à glucose, aumentado a probabilidade de se desenvolver diabetes;

  • Aumento do peso após o desmame, sendo, por isso, a nicotina considerada um fator de risco de obesidade;

  • Hiperleptinemia por redução das hormonas da tiróide T3 e T4;

  • Diminui os níveis de deiodinase hepática do tipo 1 responsável pela ativação ou inativação das hormonas tiroideias.

Crianças

      As crianças como apresentam uma dose letal mais baixa são muito mais suscetíveis à exposição à nicotina do que os adultos. Essa exposição pode ocorrer:

  • Como fumadores passivos causando irritabilidade, choro excessivo, cansaço, cólica e palidez;

  • Por ingestão acidental da nicotina líquida dos cigarros eletrónicos;

  • Por contacto com inseticidas.

Adolescentes

       Os adolescentes constituem um grupo de risco já que se torna mais provável que mantenham o hábito na vida adulta e que, consequentemente, desenvolvam problemas de saúde numa idade mais tardia.

 

       Atualmente, tem-se verificado um aumento do hábito tabágico entre os 13 e os 15 anos de idade, sendo que em todo o mundo 1 em cada 5 adolescentes fuma. Dos adolescentes que experimentam o tabaco mais de um terço deles tornam-se fumadores diários e quase 25% ficam viciados. Um terço das pessoas que começaram a fumar na adolescência apresentam maior probabilidade de morrer devido a doenças relacionadas com o tabaco, nomeadamente cancro do pulmão e doenças cardiovasculares.

​

       O córtex pré-frontal é uma das últimas áreas do cérebro a amadurecer e ainda se encontra em desenvolvimento durante a adolescência. Este é responsável pelas funções executivas, envolvidas no controlo dos pensamentos, emoções e ações, e também pela atenção. Portanto, o cérebro adolescente encontra-se mais vulnerável e suscetível a substâncias psicoativas, como é o caso da nicotina. Estudos demonstraram que a ação da nicotina ao nível dos recetores colinérgicos nicotínicos em diferentes tipos de células aumenta o risco de distúrbios psiquiátricos e comprometimento cognitivo a longo prazo. Além disto, os adolescentes fumadores tendem a apresentar défices de atenção.

 

O início da adolescência representa um momento crítico para a prevenção do hábito tabágico.

Trabalhadores das plantações do tabaco

       Trabalhadores das plantações de tabaco por contacto com as folhas da planta absorvem a nicotina através da pele desenvolvendo-se a doença da folha verde do tabaco.

Referências Bibliográficas:

  1. http://www.inchem.org/documents/pims/plant/nicotab.htm (Consultado em 15/03/2018)

  2. Wickstrom, R., Effects of nicotine during pregnancy: human and experimental evidence. Curr Neuropharmacol, 2007. 5(3): p. 213-22.
  3. Primo, C.C., et al., Effects of maternal nicotine on breastfeeding infants. Rev Paul Pediatr, 2013. 31(3): p. 392-7.
  4. Goriounova, N.A. and H.D. Mansvelder, Short- and long-term consequences of nicotine exposure during adolescence for prefrontal cortex neuronal network function. Cold Spring Harb Perspect Med, 2012. 2(12): p. a012120.
  5. Park, S.E., et al., Prevalence and risk factors of adolescents smoking: difference between korean and korean-chinese. Asian Nurs Res (Korean Soc Nurs Sci), 2011. 5(3): p. 189-95.
bottom of page