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Toxicodinâmica

       A nicotina provoca efeitos fisiológicos e patológicos em diversos órgãos exercendo a sua ação por três vias:

  • Transmissão ganglionar;

  • Recetores colinérgicos nicotínicos em células cromafins através de catecolaminas;

  • Estimulação do sistema nervoso central através dos recetores colinérgicos nicotínicos.  

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       A nicotina presente no fumo inalado é transportada para os pulmões onde é rapidamente absorvida entrando para a circulação venosa pulmonar. Seguidamente, passa para a circulação arterial através da qual atinge rapidamente o cérebro em 10 a 20 segundos (Figura 5). Como esta substância é um análogo estrutural da acetilcolina liga-se aos recetores colinérgicos nicotínicos (nAchRs) que estão presentes no sistemas nervoso central (SNC) e em outros órgãos periféricos. Os nAchRs são canais catiónicos, portanto da sua ativação resulta a entrada de sódio e de cálcio. Consequentemente, o cálcio ativa os seus canais dependentes da voltagem promovendo a entrada de mais cálcio.

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       A estimulação dos nAchRs cerebrais leva à libertação de uma grande variedade de neurotransmissores, nomeadamente  dopamina. Esta está associada ao sistema de recompensa e como tal a sua libertação conduz a uma sensação de bem estar, sendo esta a razão da nicotina estar associada à dependência. Outros neurotransmissores são libertados, como a serotonina, ácido gama-aminobutírico (GABA), glutamato e endorfinas. Grande parte deste efeito ocorre por via dos nAchRs e uma pequena parte por ação direta. Sendo o glutamato um neurotransmissor excitatório do SNC facilita a libertação de dopamina. O tabagismo crónico diminuiu a atividade da monoaminoxidase A e B (MAO A e MAO B, respetivamente) que são responsáveis pela metabolização das monoaminas, como é o caso da dopamina e noradrenalina, assim sendo como não são metabolizadas há um aumento das suas concentrações. Desta forma, há uma potenciação dos efeitos da nicotina contribuindo para a sua dependência (Figura 6).

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       A nicotina aumenta a atividade do córtex pré-frontal e sistemas visuais. Por outro lado, aumenta as espécies reativas de oxigénio (ROS), a peroxidação lipídica, o stress oxidativo, a apoptose e danos no DNA.

Mecanismo de ação

Figura 5. Modo de absorção da nicotina.

Adaptada de Goniewicz, M.L. and M. Delijewski, Nicotine vaccines to treat tobacco dependence. Hum Vaccin Immunother, 2013. 9(1): p. 13-25.

Figura 6. Ação da nicotina na transmissão ganglionar, sendo que a libertação de dopamina é o principal responsável pela dependência e sensação de bem-estar após o consumo da nicotina.

nAchRS = Recetores colinérgicos nicotínicos; DRs =  Recetores da dopamina; Rs = Recetores dos outros neurotransmissores representados pelas bolas amarelas; MAO = Monoaminoxidase

Referências Bibliográficas:

  1. Benowitz, N.L., Pharmacology of nicotine: addiction, smoking-induced disease, and therapeutics. Annu Rev Pharmacol Toxicol, 2009. 49: p. 57-71.

  2. Mishra, A., et al., Harmful effects of nicotine. Indian J Med Paediatr Oncol, 2015. 36(1): p. 24-31.

  3. http://www.inchem.org/documents/pims/plant/nicotab.htm (Consultado em 15/03/2018)

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