

Nicotina
Metabolismo
A nicotina é uma amina terciária composta pelos anéis piridina e pirrolidina. Este composto sofre extensamente o efeito de primeira passagem a nível hepático, uma vez que 80 a 90% sofre metabolização. Contudo, uma pequena quantidade também pode ser metabolizada a nível pulmonar. A metabolização da nicotina compreende duas fases:
-
Fase I que envolve uma oxidação microssomal, formando-se, por exemplo, a cotinina;
-
Fase II onde ocorrem reações de conjugação, nomeadamente glucuronidação.
A nicotina é metabolizada em 6 metabolitos primários: nornicotina, 2-hidroxinicotina, cotinina, ião nicotina isometónio, nicotina N’-óxido e nicotina glucuronídeo.
Cotinina: metabolito mais importante, uma vez que se forma em grandes quantidades (70 a 80%). A sua formação envolve duas etapas de fase I, a primeira catalisada pelo CYP2A6 e a segunda pela aldeído oxidase citoplasmática. Apesar da maior parte da nicotina ser metabolizada em cotinina, apenas 10 a 15% aparece na urina na forma de cotinina inalterada, uma vez que esta também é metabolizada noutros compostos, sendo os principais a 3'-hidroxicotinina e a 3'-hidroxicotinina glucuronídeo (40 a 60%). A 3-hidroxicotinina é altamente estereoseletiva para o isómero trans.
2-hidroxinicotina: este metabolito é formado por ação do citocromo P450 e, posteriormente, tem a capacidade de formar outros compostos, entre os quais o 4-(metilamino)-1-(3-piridil)-1-butanona que pode sofrer nitrosação formando a cetona nitrosamina derivada da nicotina (NNK).
Nornicotina: formada após N-desmetilação oxidativa. Este composto também pode sofrer nitrosação com formação de N-nitrosonornicotina (NNN).
Nicotina N'-óxido: este composto é formado por ação da flavina monoxigenase 3 em quantidades reduzidas (4 a 7%). É um diasteroisómero, sendo o trans o principal.
Ião nicotina isometónio: a ação da metiltransferase sobre o anel piridina leva à sua formação.
Nicotina glucuronídeo: as glucuronosiltransferases (UGT) são responsáveis pela glucuronidação da nicotina.
Ambos os compostos que se formam após a nitrosação, NNK e NNN têm propriedades cancerígenas.

Figura 4. Principais metabolitos formados após a metabolização da nicotina
Adaptada de Benowitz, N.L., J. Hukkanen, and P. Jacob, 3rd, Nicotine chemistry, metabolism, kinetics and biomarkers. Handb Exp Pharmacol, 2009(192): p. 29-60.
Quer saber o que afeta o metabolismo da nicotina?
Referências Bibliográficas:
-
http://www.inchem.org/documents/pims/plant/nicotab.htm (Consultado em 15/03/2018)
-
Benowitz, N.L., J. Hukkanen, and P. Jacob, 3rd, Nicotine chemistry, metabolism, kinetics and biomarkers. Handb Exp Pharmacol, 2009(192): p. 29-60.
-
Benowitz, N.L., Pharmacology of nicotine: addiction, smoking-induced disease, and therapeutics. Annu Rev Pharmacol Toxicol, 2009. 49: p. 57-71.